segunda-feira, 5 de abril de 2010

Revolutionary Road




Revolutionary Road
Richard Yates
Biblioteca Sábado
EAN 5602831080654


Sinopse

O primeiro romance de Richard Yates, Revolutionary Road, tornou-se um clássico logo após a sua publicação em 1961. Nele, Yates oferece um retrato definitivo das promessas por cumprir e do desabar do sonho americano. Continua hoje a ser o retrato da sociedade americana.
Um casal jovem e promissor, Frank e April Wheeler, vive com os dois filhos num subúrbio próspero de Connecticut, em meados dos anos 50. Porém, a aparência de bem-estar esconde uma frustração terrível resultante da incapacidade de se sentirem felizes e realizados tanto no seu relacionamento como nas respectivas carreiras. Frank está preso num emprego de escritório bem pago mas entediante e April é uma dona de casa frustrada por não ter conseguido seguir uma promissora carreira de actriz. Determinados a identificarem-se como superiores à crescente população suburbana que os rodeia. decidem ir para a França onde estarão mais aptos a desenvolver as suas capacidades artísticas, livres das exigências consumistas da vida numa América capitalista. Contudo, o seu relacionamento deteriora-se num ciclo interminável de brigas, ciúmes e recriminações. o que irá colocar em risco a viagem e os sonhos de auto- -realização.


Tal como aconteceu com o Quem Quer Ser Milionário, também com este livro surgiu na minha lista de futuras leituras após ter visto o filme. Mas, se no caso do primeiro, foi o seu lado de entretenimento e de possibilidades infidáveis que me atraiu, neste foi a inevitabilidade da vida humana com todos os seus dramas por trás de portas fechadas. Este NÃO é o livro a ler se se quiser afastar dos negrumes do dia-a-dia... Pelo contrário. No entanto, e tendo já uma pilha de livros "a ler", a ganhar pó nas várias prateleiras espalhadas pela casa, não via necessidade em comprar imediatamente um livro do qual já conhecia a história. Os seus (quase) 17€ podiam ser aproveitados em viagens literárias aventureiras das quais ainda não conhecia o percurso. Mas foi então, quase como que em resposta a uma prece que nunca chegara a fazer, que a revista Sábado decidiu prendar os seus leitores com mais uma colecção de magníficas obras a 1€ cada. Revolutionary Road era uma delas!!! (já agora, e em forma de nota e em resposta a todos os que já me perguntaram, desconfiados, da qualidade da tradução dos livros que saem com a revista, dou como exemplo este, cuja tradução de Isabel Baptista foi cedida pela editora Civilização, a editora a comercializar o livro em Portugal - EAN/ISBN 9789722626361).

Quanto ao livro propriamente dito... Excedeu as minhas expectativas!!! A maneira como Richard Yates elaborou esta brilhante obra de arte literária é de uma mestria e excelência recomendáveis. A história, que aborda as insatisfações e frustrações profissionais e pessoais de um jovem casal a viver o suposto "american dream", está escrita de uma maneira que sentimos, tal como eles, que os dias são rotineiros e custam a passar... Não quero com isto dizer que o livro esteja escrito de uma forma "secante". Muito pelo contrário. Acredito ser este um dos exemplos do génio literário de Yates. Uma demonstração de como, ainda que dizendo-se muito, consegue-se passar uma sensação de quase estagnação. No entanto, a partir do momento em que Frank e April decidem perseguir o seu sonho e viajar para Paris, numa fuga à "vida quotidiana" e numa perseguição final dos sonhos há muito esquecidos, os momentos parecemn encadear-se uns nos outros com uma rapidez que, só os que já se entregaram aos sonhos, conseguem reconhecer. Existe uma sofreguidão, um desejo de romper as barreiras e algemas sociais que nos impomos a nós próprios, que o tempo parece compactuar com essa nossa urgência, apressando os ponteiros do relógio. É então que a "vida real" e o senso comum chegam e põem um pé no travão das ideologias. Os "mas", "e se", "será que...", multiplicam-se na nossa mente até congelarem os movimentos e aterrorizarem a esperança... E acabamos por nos conformar à existência neutra e segura que abominamos, que nos aprisiona mas nunca falha. Adorei!!!


Nota 4

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